08 dezembro 2007

O nó

Hoje acordei com um nó na garganta. Mal conseguia engolir. Era um nó feito de dor, de angústia, um nó feito de um líquido que queria rebentar a todo o custo. Tentei engoli-lo mas não consegui. As lágrimas escorriam-me pela cara. Sabiam a mar, sabiam a naufrágios, a gritos de mulheres à beira mar, a filhos órfãos. Sabiam a desejos por realizar, a sonhos destruídos. Sabiam a paredes nuas, a casas vazias de vozes e risos. Sabiam a solidão, à amarga solidão. Sempre a solidão. É um nó que mora dentro de mim, habita o meu corpo e nunca se esquece de me gritar que está vivo e que não me dará tréguas, mesmo que o entorne, de vez em quando. Não gosto dele.