05 dezembro 2007

28 de Outubro de 1995

Da tela preta surgem duas caras simetricamente coladas, sorridentes. Ele tem olhos grandes, castanhos, pestanudos, doces, muito doces. A tez dourada pelo sol, uma barba escassa assenta numa pele suave, como a de um rapazinho. O nariz bastante masculino salta à vista, não sendo demasiadamente grande, está em harmonia com o rosto. Entre os lábios carnudos, rosados, perfeitos, vêem-se os dentes brancos. O cabelo preto, muito curto, abandonara os longos caracóis conquistadores de outras paixões. Há uma orelha que espreita na escuridão da tela. Ela tem uns olhos pequenos, rasgados. São castanho-escuros. Não consigo ver as pestanas... A luz do flash apagou-lhe as pequeninas sardas que lhe salpicam o rosto oval. Vejo um sorriso nos lábios, também rosados, sobre uns dentes muito alinhados. O cabelo liso, brilhante, tapa-lhe parte do ombro. Umas luzes minúsculas saltam dos olhos destes dois amantes. Olham na mesma direcção. Estão em perfeita sintonia. Já não me lembro quem estava do outro lado da câmara, mas viu-os exactamente como eram, felizes, cheios de sonhos. Viviam num castelo feito de areia e água salgada. Não tinham mais nada. Eram livres e transparentes.
Lembras-te?