08 novembro 2007

Se

Se eu tivesse uma arma, por esta altura já me teria tornado a maior serial killer de donas de casa da Fertagus. Daquelas que se sentam à minha frente, aos pares, e não dão descanso à língua desde a partida à chegada. Mas que gente é esta que, às 8h da manhã, parece estar ligada à corrente? No meio das conversas, soltam gargalhadas, exalando um cheiro forte e agoniante a café. Outras cheiram a perfumes doces comprados em supermercados e o meu estômago, vazio e fraco, grita por socorro. Não tenho saída. O comboio está completamente cheio. Aumento o volume da música que abafa os sons estridentes daquelas mulheres, mas não os cheiros. De manhã não gosto de barulho, não gosto de cheiros. De manhã não gosto de nada!
Prefiro quando
à minha frente se sentam homens. Para eles o silêncio não é constrangedor. Trocam duas ou três palavras e pegam no jornal. É muito mais simples e agradável para todos.