Quando os dias começavam a ficar mais pequenos e frios, a minha mãe dedicava-se à preparação de doces de fruta. Passava dias a fazer compotas, marmeladas, geleias... Aos poucos, o armário da cozinha enchia-se de frascos coloridos e doces. Havia para todos os gostos: de tomate, uva, marmelo, amora... A casa aquecia com o fumegar das panelas e no ar pairava um cheiro adocicado, provocado pelas caldas de açúcar. Eu gostava de observar aquela tarefa complexa. Nunca aprendi o segredo de transformar fruta numa pasta melosa para barrar tostas. Nessa altura, chegava a acreditar que vivia numa casa feliz, com uma família feliz.