Apaixonou-se muito nova por aquele rapaz que, na altura, fazia furor nos relvados desportivos. A família nunca gostou muito dele, mas acabaram por aceitar a escolha da filha e deixaram-na casar. Depressa se apercebeu que o homem por quem se tinha apaixonado, havia-se transformado em alguém que não conhecia. Eram muito novos. O tempo haveria de dar conta do resto. Pouco depois engravidou e sentiu que a felicidade, roubada da casa dos seus pais, voltava. Por obrigação do regime, o marido partiu para Angola, onde ficou durante 26 meses. Chegavam cartas, fotografias do filho que não conhecia, mas ao fim de um mês deixou de responder. A cabeça estava cheia de mentiras enviadas por familiares que queriam separá-los. Durante todo esse tempo, este homem esqueceu-se que tinha mulher e um filho que nunca embalara.
Regressou como tantos outros e ela abriu-lhe as portas de casa e mostrou-lhe o filho. O bebé reagiu mal. Não era por este homem ter despejado milhões de células microscópicas para dentro da sua mãe, e uma delas ter acertado no alvo, que o ia amar! Não lhe reconhecia o cheiro. Não lhe reconhecia a voz, os olhos, os dedos grossos e ásperos. Tal como a mãe, sofreu muito nas mãos deste homem que nunca o amou. Batia-lhe por tudo e por nada. Batia-lhe por prazer de a ver sofrer. Os seus corações sangravam cabisbaixos e em silêncio.
Um dia a morte decidiu roubá-lo dos braços da sua mãe, mesmo antes de ter terminado o que lhe queria pedir. Depois de tantos anos, ela ainda pensa na frase inacabada que se perdeu na boca daquela criança de olhos grandes e doces.
Regressou como tantos outros e ela abriu-lhe as portas de casa e mostrou-lhe o filho. O bebé reagiu mal. Não era por este homem ter despejado milhões de células microscópicas para dentro da sua mãe, e uma delas ter acertado no alvo, que o ia amar! Não lhe reconhecia o cheiro. Não lhe reconhecia a voz, os olhos, os dedos grossos e ásperos. Tal como a mãe, sofreu muito nas mãos deste homem que nunca o amou. Batia-lhe por tudo e por nada. Batia-lhe por prazer de a ver sofrer. Os seus corações sangravam cabisbaixos e em silêncio.
Um dia a morte decidiu roubá-lo dos braços da sua mãe, mesmo antes de ter terminado o que lhe queria pedir. Depois de tantos anos, ela ainda pensa na frase inacabada que se perdeu na boca daquela criança de olhos grandes e doces.